Meu objetivo é transformar a educação, e principalmente o ensino de Matemática. Utilizando métodos de Neurociência, somados com tecnologias educacionais, é possível melhorar as nossas práticas pedagógicas.
Estamos na era da 'Geração Z', os chamados nativos digitais. É fato que atualmente nunca se usou tanto a tecnologia como se usa hoje. Mas será que, realmente, os jovens de hoje sabem usar a tecnologia? Outra pergunta: eles usam o celular e outros recursos, como streamings, com qual objetivo?
O consumo de dados, notícias, imagens e textos, por causa da tecnologia e internet de banda larga, potencializou a possibilidade de aprendizado. Mas procuramos muitas informações irrelevantes, e até mesmo fúteis. Além disto, são informações curtas e aleatórias, de 15 segundos. E o nosso cérebro está sendo treinado dessa maneira.
Pensando nisto, gostaria de propor uma Metodologia Ativa bem interessante: o Microlearning. Este é uma abordagem educacional que fragmenta todo o conteúdo em pequenas 'pílulas' de informação, ou pequenas 'pílulas de conhecimento', que serão consumidas pelos alunos. Ao invés de oferecer todo o conteúdo de uma só vez, dividimos o tema em pequenos temas, ou subtópicos. Exemplo: área de polígonos: por que vou encher a lousa com um monte de fórmulas, apresentando como se calcula a área de todos os polígonos, para enfim, propor exercícios de fixação envolvendo todos os polígonos? Vamos fragmentar, inicialmente fazendo perguntas questionadoras, para apresentar a fórmula da área de quadrado e retângulo:
O que é área? E como calcular a área de um quadrado?
Como contar o número de quadradinhos em um retângulo, de uma maneira rápida e simples, sem contar todos os quadradinhos?
Agora, se acalme; não passe para a área do paralelogramo, triângulo, losango e trapézio ainda não; Calma! Divida a aula em blocos, e vamos passar para outra etapa: interatividade.
Para isso, vamos usar DUAS tecnologias educacionais bem fortes e interessantes.
Uma plataforma excelente para o professor planejar na sua aula, construindo pequenas pílulas de aprendizado. Esta plataforma segue o currículo da BNCC, com as habilidades e competências necessárias para cada etapa de ensino. O professor seleciona a atividade (veja bem: no singular; pílula!) e, com pouca mediação e ajuda, os alunos participam ativamente do aprendizado. Pontos fortes:
Feedback instantâneo - caso o aluno acerte a questão, deve ser acompanhado pelo professor, para dar o feedback positivo; caso o aluno erre, a plataforma já oferece um feedback, dando dicas e ajuda. O próprio aluno aprende, mesmo errando;
Plataforma gameficada - os alunos se divertem;
Plataforma adaptativa - Ajuste de nível de dificuldade, de acordo com os erros e acertos do aluno;
Para o professor, o site mostra um relatório de aprendizagem bem interessante também.
Domínio website forte também ;) Seguindo também o currículo da BNCC, o professor pode sugerir como tarefa de casa, fazendo algumas recomendações de exercícios, sobre o tópico da aula dada. Aqui o interessante também é o feedback intantâneo:
para o aluno: se tiver dúvidas, ele pode ver dicas de como resolver aquele exercício; e se ainda assim tiver dúvida, tem pequenas vídeo-aulas para aquele determinado exercício;
para o professor: a plataforma oferece um relatório completo do exercício recomendado, apresentado as tentativas, os erros, os acertos, as proficiências, e muito mais.
O microlearning é ótimo para ajudar os alunos a reter informações, pois o conteúdo dividido permite uma absorção mais fácil e uma melhor memorização. Recomendo este método porque os alunos conseguem manter a atenção por períodos curtos, superando desafios comuns em métodos de ensino tradicionais. Além de tudo isto, as pílulas de conhecimento podem ser adaptadas, permitindo aos alunos aprenderem no seu próprio ritmo, de acordo com suas necessidades e interesses. Isto personaliza o ensino individual, e promove a inclusão e a equidade educacional, tornando a aprendizagem acessível para diferentes estilos de aprendizagem e níveis de conhecimento.
Não adianta muita coisa colocar essa 'gurizada' toda para trabalhar, apresentar pesquisas, fazer projetos, resolver exercícios e simulados, quizzes e tantas outras coisas, se não analisarmos todo o conjunto dos dados.
As ferramentas educacionais, como o Jovens Gênios, p.ex., apresentam para o professor relatórios excelentes. O ensino não pode ser pautado apenas por notas, ou seja, não podemos determinar o nível de proficiência do aluno, se ele sabe ou não, considerando apenas um conjunto de notas. Por este motivo, é muito importante utilizar plataformas que, além da nota, mostre as habilidades e competências adquiridas, assim como o que ele falhou e qual habilidade falta aprender.
Além disto, podemos utilizar outro método da neurociência para analisar a proficiência do aluno: a Retrospectiva Ativa.
Muito utilizado no mundo da tecnologia, nos ambientes de programação de softwares, conhecido como Scrum. Os programadores se reúnem ao final de cada ciclo de trabalho (esses ciclos são pequenas etapas de desenvolvimento, chamadas sprints), para discutir o que funcionou bem, o que não funcionou, e o que pode melhorar.
Então por que não usar a Retrospectiva Ativa dentro do contexto educacional?
Com esse método neurocientífico, tanto os alunos, quanto os professores, podem refletir sobre suas práticas pedagógicas, identificando o que está funcionando e o que pode ser ajustado. Colaborar e compartilhar ideias e experiências com os professores, para melhorar as estratégias, não apenas em sua sala de aula, mas em todo o ambiente escolar. E finalmente, o objetivo é engajar os alunos no processo de aprendizagem, dando voz às suas ideias, críticas e sugestões. Para isto podemos utilizar o Google Formulário.
Por exemplo: os alunos foram orientados a fazer um projeto sobre sustentabilidade, com o tema Painel Solar. Eles fizeram pesquisa sobre o que é, como fazer, entrevistaram pessoas que têm painel solar, fizeram orçamentos para própria casa e empreendimento dos pais, os possíveis problemas que podem surgir, como descarte de eletrônicos e baterias, procurando formas corretas de descarte. Para finalizar, tinham que fazer uma maquete com luzes e um carrinho de brinquedo funcionando com painel solar. Para avaliar os alunos foi feito auto-avaliação, perguntando "que bom; que pena; que tal".
Após todos esses processos, e talvez principalmente, após a retrospectiva ativa, juntamente com a análise dos dados, podemos promover uma ação: montar grupos de estudos personalizados, de acordo com a facilidade de uns e dificuldades dos outros, se ajudando mutuamente. A importância do microlearning entra também neste momento pois, nos grupos de estudos, o aluno que sentiu facilidade em um tópico ajuda outro; depois este mesmo aluno sente dificuldade em outro tópico, e desta vez, pode ser ajudado. Promovemos a socialização, ajuda mútua, construção de virtudes e afins; e eles aprendem ativamente.
Mas isso só é possível com a Análise dos Dados.
Podemos planejar nossa aula da melhor maneira possível, incluir técnicas, métodos e situações de aprendizagem riquíssimas, excelentes, enfim, podemos fazer uma aula show e mesmo assim, não atingir o objetivo no dia.
E um dos motivos que atrapalham o ambiente em sala de aula, e na escola, é a comunicação violenta. Não são todos os dias que estamos felizes, ótimos fisicamente e psicologicamente. Além disto, surge situações em nosso cotidiano que nos deixam preocupados, irritados e infelizes. Além disto ainda, arrisco dizer que quase a maioria das pessoas têm vivência com comunicação violenta em casa, e levamos isso conosco em nosso dia-a-dia. Digo tudo isto da parte dos docentes quanto dos discentes.
Como manter um ambiente legal e acolhedor, sem 'mal entendimentos' e sem violência no agir e no falar? O professor Augusto Cury pergunta: "quando estamos bravos e irritados, o que fazer com esses sentimentos?". Devemos praticar a Comunicação Não Violenta. A comunicação é o segredo para construir relacionamentos saudáveis e eficazes, tanto com os alunos quanto os colegas.
A CNV ajuda a resolver conflitos, melhorar o ambiente escolar e promover o bem-estar de todos. Tem por objetivo promover a empatia através de quatro práticas:
Observar os fatos de maneira objetiva, sem julgar ou interpretar. Descreva a situação sem adicionar opiniões. De maneira tranquila, comece dizendo "Notei que ..." e diga o que percebeu sem rótulos;
Expresse seus sentimentos, compartilhando o que aquele fato faz você se sentir. Isso cria uma conexão emocional sem acusações, demonstrando realmente uma preocupação para o bem-estar de ambos;
Identifique suas necessidades, informando o que você precisa, ou o que gostaria que tivesse acontecido. Isso torna a comunicação clara e objetiva;
Faça pedidos específicos e claros. Não exija, contudo, peça de forma que o outro entenda como pode contribuir para atender melhor suas necessidades. Comece dizendo "Será que, poderia, por favor,...".
Isso irá melhorar o ambiente professor-aluno, e também as atividades por pares, ou grupos. Para isto, sugiro duas coisas:
Para o professor: praticar CNV com os alunos constantemente. Lembre-se - somos violentos em nossas falas algumas vezes, e devemos ser acolhedores. Exemplo: ao invés de "Você é irresponsável, nunca faz lição de casa!", diga "Observei que hoje você não fez lição". Expresse que você está preocupado por ele não aprender, não atingir o objetivo daquele assunto, e que você necessita que ele aprenda naquele momento, para não acumular dúvidas e, ao final do ano letivo, faça recuperação. Enfim, faça um pedido claro, sem exigir! Ofereça outra oportunidade e, objetivamente, peça que faça a tarefa para o outro dia. Se acontecer de novo, pratique novamente a CNV com este aluno.
Para o aluno: durante as aulas, o professor observa as comunicações violentas que ocorreram entre os alunos. Registre isso, para que possa, em aula própria, praticar a CNV. Relembre as situações violentas e, com alguns alunos, interprete as mesmas situações sem violência, aplicando a observação, sentimento, necessidade e pedido.
Sugiro uma prática pedagógica revolucionária, simples e eficiente: Método 3i's.
Esse método é composto por três blocos: Instrução; Interatividade; Interação. E aqui você pode imaginar 3 bloquinhos de Lego, que você pode montar da maneira que quiser. Pode ser Interação, interatividade, e por fim, instrução. A ordem não importa. O que importa é um bom planejamento, pensando nesses três blocos.
Foi desenvolvida no chão da sala de aula para harmonizar o processo educacional com os padrões naturais de funcionamento cerebral. Os 3I's se destacam pela capacidade de aproveitar os modos focado e difuso de cognição, desenvolvendo um aprendizado mais profundo, envolvente e eficiente. Este método tem por objetivo colocar o aluno como protagonista do ensino-aprendizagem.
A Instrução é o que conhecemos por aula expositiva. Essa etapa é importante, e não deve ser excluída. Contudo, ela não pode ser usada sozinha. A Instrução prioriza o modo focado do cérebro, onde a atenção dos alunos é dirigida para absorção de informações específicas. Por isso não deve ser usada por muito tempo, ou deve ser combinada, p.ex., com mapa mental, ou com Didática Assimétrica:
1.comece a aula com um quiz de 4 ou 5 perguntas de verdadeiro ou falso, e perguntas fáceis;
2. No meio da aula, apresente uma frase incompleta, para despertar gaps na mente dos alunos;
3. Para finalizar, peça aos alunos para criar uma hashtag pensando em algo que eles consideram importante sobre a aula.
Após o momento de instrução, entra em ação a Interatividade, para promover um envolvimento ativo dos alunos com o material de aprendizagem. Esta foi pensada para solidificar o entendimento através da prática, permitindo que os alunos experimentem, explorem e apliquem aquilo que o professor explicou no momento focado. Importante aqui são o uso de simuladores, jogos educativos (Jovens Gênios, Kahoot!, etc) ou trabalhos de laboratórios.
Por fim, para estimular a colaboração e a sociabilidade, trabalhamos com a Interação. Este bloco é marcado por atividades que estimulam a troca de ideias, experiências e pontos de vistas dos alunos. É marcado por debates em grupo, projetos de equipes, estudos de caso, estudo por pares. Neste momento entra o modo difuso de pensar, incentivando a criatividade e a inovação. Além disto, incentiva habilidades como trabalho em equipe, liderança e comunicação (de preferência CNV rsrs).
Não precisa iniciar a aula com a Instrução. Pode-se iniciar com a Interatividade, para verificar, por exemplo, se os alunos possuem alguns pré-requisitos para determinada Instrução. Depois fazer a Instrução, Interatividade novamente, e Interação (repare que neste caso foram 4 blocos). O objetivo é usar os 3I's, sendo não apenas em 3 blocos.
TOMAZINHO, Paulo. Curso Meta de Neurociência, Escola de Didática 2024.